terça-feira, 21 de junho de 2011

Imagens: Refletindo sobre a Variação Linguística e o Preconceito Linguístico




Fonte: AMARAL, Tarsila do. Os Operários. (Disponível:http://blogart1000.blogspot.com/2011/05/os-operarios-tarsila-do-amaral.html)











Fonte: (http://amorebrisa.blogspot.com/2010/07/metafora-pedra-no-caminho.html)



Por meio da reflexão sobre essas imagens, tente responder às seguintes questões:


- Quais relações pode-se fazer entre a primeira imagem e a variação linguística?


- Quais relações pode-se fazer entre a segunda imagem e o preconceito linguístico?



Sugestão de Atividade


1- Fazer uma leitura coletiva do conto de Lima Barreto: “Quase deu o 'Sim', mas...”. Partindo dessa leitura, propor aos alunos que verifique se as palavras contidas no texto ainda são usadas atualmente.

LIMA BARRETO


João Cazu era um moço suburbano, forte e saudável, mas pouco ativo e amigo do trabalho.




Vivia em casa dos tios, numa estação de subúrbios, onde tinha moradia, comida, roupa, calçado e algum dinheiro que a sua bondosa tia e madrinha lhe dava para os cigarros.




Ele, porém, não os comprava; "filava-os" dos outros. "Refundia" os níqueis que lhe dava a tia, para flores a dar às namoradas e comprar bilhetes de tômbolas, nos vários "mafuás", mais ou menos eclesiásticos, que há por aquelas redondezas.




O conhecimento do seu hábito de "filar" cigarros aos camaradas e amigos, estava tão espalhado que, mal um deles o via, logo tirava da algibeira um cigarro; e, antes de saudá-lo, dizia:


—Toma lá o cigarro, Cazu.


Vivia assim muito bem, sem ambições nem tenções. A maior parte do dia, especialmente a tarde, empregava ele, com outros companheiros, em dar loucos pontapés, numa bola, tendo por arena um terreno baldio das vizinhanças da residência dele ou melhor: dos seus tios e padrinhos.




Contudo, ainda não estava satisfeito. Restava-lhe a grave preocupação de encontrar quem lhe lavasse e engomasse a roupa, remendasse as calças e outras peças do vestuário, cerzisse as meias, etc., etc.




Em resumo: ele queria uma mulher, uma esposa, adaptável ao seu jeito descansado.




Tinha visto falar em sujeitos que se casam com moças ricas e não precisam trabalhar; em outros que esposam professoras e adquirem a meritória profissão de "maridos da professora"; ele, porém, não aspirava a tanto. Apesar disso, não desanimou de descobrir uma mulher que lhe servis convenientemente. Continuou a jogar displicentemente, o seu football vagabundo e a viver cheio de segurança e abundância com os seus tios e padrinhos. Certo dia, passando pela porteira da casa de uma sua vizinha mais ou menos conhecida, ela lhe pediu:


— "Seu" Cazu, o senhor vai até à estação?
— Vou, Dona Ermelinda.
— Podia me fazer um favor?
— Pois não.
— É ver se o "Seu" Gustavo da padaria "Rosa de Ouro", me pode ceder duas estampilhas de seiscentos réis. Tenho que fazer um requerimento ao Tesouro, sobre coisas do meu montepio, com urgência, precisava muito.


— Não há dúvida, minha senhora.
Cazu, dizendo isto, pensava de si para si: "É um bom partido. Tem montepio, é viúva; o diabo são os filhos!". Dona Ermelinda, à vista da resposta dele, disse:


— Está aqui o dinheiro.


Conquanto dissesse várias vezes que não precisava daquilo — o dinheiro — o impenitente jogador de football e feliz hóspede dos tios, foi embolsando os nicolaus, por causa das dúvidas.




Fez o que tinha a fazer na estação, adquiriu as estampilhas e voltou para entregá-las à viúva.




De fato, Dona Ermelinda era viúva de um contínuo ou cousa parecida de uma repartição pública. Viúva e com pouco mais de trinta anos, nada se falava da sua reputação.


Tinha uma filha e um filho que educava com grande desvelo e muito sacrifício.




Era proprietária do pequeno chalet onde morava, em cujo quintal havia laranjeiras e algumas outras árvores frutíferas.




Fora o seu falecido marido que o adquirira com o produto de uma "sorte" na loteria; e, se ela, com a morte do esposo, o salvara das garras de escrivães, escreventes, meirinhos, solicitadores e advogados "mambembes", devia-o à precaução do marido que comprara a casa, em nome dela.




Assim mesmo, tinha sido preciso a intervenção do seu compadre, o Capitão Hermenegildo, a fim de remover os obstáculos que certos “águias" começavam a pôr, para impedir que ela entrasse em plena posse do imóvel e abocanhar-lhe afinal o seu chalézito humilde.


(O texto pode visto na íntegra através do site: http://www.releituras.com/)