segunda-feira, 13 de junho de 2011

Erro ou preconceito linguístico?

"Preconceito linguístico o que é, como se faz", do autor Marcos Bagno, é um livro que discute os mitos e preconceitos criados em torno da língua portuguesa. No primeiro capitulo, o autor apresenta os mitos tais como: a idéia de unidade da língua portuguesa, só em Portugal fala-se um português puro, as pessoas sem instrução não sabem falar o português e outros mitos são desvendados. Segundo Bagno, “erro de português” não existe, e o preconceito na verdade, é social, disfarçado em preconceito linguístico. Ele aponta oito fatores que compõem o preconceito linguístico. São eles:

• Mito nº 1 – “A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente”.
• Mito nº 2 – “Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português”.
• Mito nº 3 – “Português é muito difícil”.
• Mito nº 4 – “As pessoas sem instrução falam tudo errado”.
• Mito nº 5 – “O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão”.
• Mito nº 6 – “O certo é falar assim porque se escreve assim”.
• Mito nº 7 – “É preciso saber gramática para falar e escrever bem”.
• Mito nº 8 – “O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social”.


A partir do segundo capitulo, Bagno discute os elementos que servem para sustentar o preconceito linguístico e muitas outras questões que envolvem o saber linguístico. Este livro apresenta um assunto que é pouco discutido em sala de aula e muitas vezes ignorado pela maioria dos professores. Atualmente a luta contra o preconceito vem sendo a bandeira de muita gente, mas o preconceito linguístico não tem tido visibilidade. Marcos Bagno, ao tratar deste assunto, utiliza uma linguagem não muito técnica o que torna o livro prazeroso de se ler.


Este assunto tem tido grande repercussão nas manchetes de jornais, revistas e em outros meios de comunicação; por causa do livro do MEC. O autor discute sobre o assunto ressaltando a importância de considerar a linguagem do falante do português, mas sem que este deixe de aprender o português culto. Marcos Bagno defende que o aluno compreenda que a língua portuguesa tem variações: entre a língua escrita e a falada e também variações regionais.

Referência bibliográfica:

Bagno, Marcos. Preconceito lingüístico o que é, como se faz, editora Loyola, São Paulo, 1990.

Conhecimento Linguístico aplicado às séries iniciais

O módulo: “Conhecimento Lingüístico e apropriação do sistema de escrita”, do autor Marco Antônio de Oliveira, faz parte da coleção alfabetização e letramento do Ceale (Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita- Faculdade de Educação), publicada no ano de 2005 e conta com 70 páginas. O autor vai abordar as hipóteses do aluno na construção da escrita, as relações entre os sons e as letras na escrita ortográfica e classifica os problemas de escrita encontrados nos textos dos alunos. Esta coleção é organizada em cinco eixos:






1. Como é que as crianças aprendem a escrever?
2. Sistemas de Escrita
3. Os sons do português
4. As relações entre a pauta sonora e a ortografia
5. Uma classificação dos problemas de escrita

No primeiro eixo, o autor levanta três teorias para explicar como as crianças aprendem a escrever. No segundo eixo, ele fala da natureza e da história dos sistemas de escrita. Já no terceiro eixo, o autor apresenta as considerações entre os sons da fala e reflete sobre os conceitos de fala e língua.
O autor vai relatar como ocorrem as relações entre a escrita ortográfica e a pauta sonora da língua portuguesa, no qaurto eixo. Marco Antonio apresenta, no último eixo, uma classificação dos problemas de escrita encontrados em textos de alunos.



O autor propõe que esta discussão, nas séries iniciais, é importante, pois, permite ao professor uma melhor intervenção pedagógica e contribui para entendermos como as crianças (ou, como diz, o autor qualquer aprendiz) elaboram suas hipóteses em relação à fala e a escrita. Nesta coleção fica claro como a noção do “erro” não é considerada, pois, o erro aqui é entendido como parte do processo de aprendizagem do aluno. Esse processo de aprendizagem foi identificado na nossa experiência, como estagiárias, em que percebemos que, quando crianças adquirem uma idade mais avançada, os erros aparecem com mais frequência na escrita. É natural que este fato ocorra, pois, na medida em que o vocabulário aumenta, aumentam também as chances do erro.



Para que a criança possa escrever de uma forma mais autônoma, torna-se necessário que ela arrisque a escrever, mesmo desconhecendo a ortografia correta das palavras, por isso é natural que ela erre mais. Este processo fará com que ela experimente e aprenda. Ao passo que para evitar o erro, a criança se condiciona a um vocabulário muito restrito o que acabará comprometendo a sua criatividade. Trabalhos de produção orientada são muito importantes para desenvolver as correções ortográficas, pois a pretensão dos educadores e dos pais é a de formar indivíduos que tenham competência na escrita correta, mas este trabalho deverá ser feito de uma maneira bem lúdica, para não atrapalhar o processo desta aprendizagem.

Para saber mais:
http://www.ich.pucminas.br/posletras/Producao%20docente/Marco%20Antonio/Ortografia%20e%20Fonologia_2005.pdf