quarta-feira, 22 de junho de 2011

Metodologia

Universidade, sala, professora, português, Célia, aula, trabalho, tema, linguística, grupo, Auta, Fernanda Cristina, Irene. Preocupação... Corredor, portaria, jardim, estacionamento, carro, casa, lanche, computador, pesquisa, artigos, preocupação, insônia, cama. Dia, emprego, cansaço, noite, universidade, disciplinas, casa, rotina, cansaço... Dias, semanas, emprego, cansaço, noite, universidade, disciplinas, biblioteca, computador, pesquisa, estantes, livros, livros, livros... Mesa, cadeira, livro, água, livro, banheiro, cantina, café, biscoito, corredor, biblioteca, cadeira, mesa, livro. Corredor, portaria, jardim, estacionamento, carro, casa, cozinha, mesa, talheres, prato. Sala, mesa, cadeira, lápis, anotações, indecisões, angústias, papéis, papéis, papéis... Cama, insônia, pesadelos, cansaço. Dia, emprego, noite, universidade, disciplinas, casa, rotina, cansaço, cansaço... Universidade, disciplinas, seminários, casa, cama. Dia, emprego, cansaço, rotina, cansaço... Rotina, rotina, rotina, rotina, rotina... Decisão, criação, blog, postagem, textos, imagens, links, satisfação... Pré-apresentação, satisfação...Dias, semanas, emprego, universidade, postagens, disciplinas, casa, postagens, textos, imagens, links... Dias, semanas, emprego, universidade, postagens, disciplinas, casa, postagens, textos, imagens, links... Rotina, semana, rotina... Alívio, término! Dia, emprego, cansaço, noite, universidade, sala, professora, português, Célia, aula, apresentação, trabalho, linguística. Satisfação!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Imagens: Refletindo sobre a Variação Linguística e o Preconceito Linguístico




Fonte: AMARAL, Tarsila do. Os Operários. (Disponível:http://blogart1000.blogspot.com/2011/05/os-operarios-tarsila-do-amaral.html)











Fonte: (http://amorebrisa.blogspot.com/2010/07/metafora-pedra-no-caminho.html)



Por meio da reflexão sobre essas imagens, tente responder às seguintes questões:


- Quais relações pode-se fazer entre a primeira imagem e a variação linguística?


- Quais relações pode-se fazer entre a segunda imagem e o preconceito linguístico?



Sugestão de Atividade


1- Fazer uma leitura coletiva do conto de Lima Barreto: “Quase deu o 'Sim', mas...”. Partindo dessa leitura, propor aos alunos que verifique se as palavras contidas no texto ainda são usadas atualmente.

LIMA BARRETO


João Cazu era um moço suburbano, forte e saudável, mas pouco ativo e amigo do trabalho.




Vivia em casa dos tios, numa estação de subúrbios, onde tinha moradia, comida, roupa, calçado e algum dinheiro que a sua bondosa tia e madrinha lhe dava para os cigarros.




Ele, porém, não os comprava; "filava-os" dos outros. "Refundia" os níqueis que lhe dava a tia, para flores a dar às namoradas e comprar bilhetes de tômbolas, nos vários "mafuás", mais ou menos eclesiásticos, que há por aquelas redondezas.




O conhecimento do seu hábito de "filar" cigarros aos camaradas e amigos, estava tão espalhado que, mal um deles o via, logo tirava da algibeira um cigarro; e, antes de saudá-lo, dizia:


—Toma lá o cigarro, Cazu.


Vivia assim muito bem, sem ambições nem tenções. A maior parte do dia, especialmente a tarde, empregava ele, com outros companheiros, em dar loucos pontapés, numa bola, tendo por arena um terreno baldio das vizinhanças da residência dele ou melhor: dos seus tios e padrinhos.




Contudo, ainda não estava satisfeito. Restava-lhe a grave preocupação de encontrar quem lhe lavasse e engomasse a roupa, remendasse as calças e outras peças do vestuário, cerzisse as meias, etc., etc.




Em resumo: ele queria uma mulher, uma esposa, adaptável ao seu jeito descansado.




Tinha visto falar em sujeitos que se casam com moças ricas e não precisam trabalhar; em outros que esposam professoras e adquirem a meritória profissão de "maridos da professora"; ele, porém, não aspirava a tanto. Apesar disso, não desanimou de descobrir uma mulher que lhe servis convenientemente. Continuou a jogar displicentemente, o seu football vagabundo e a viver cheio de segurança e abundância com os seus tios e padrinhos. Certo dia, passando pela porteira da casa de uma sua vizinha mais ou menos conhecida, ela lhe pediu:


— "Seu" Cazu, o senhor vai até à estação?
— Vou, Dona Ermelinda.
— Podia me fazer um favor?
— Pois não.
— É ver se o "Seu" Gustavo da padaria "Rosa de Ouro", me pode ceder duas estampilhas de seiscentos réis. Tenho que fazer um requerimento ao Tesouro, sobre coisas do meu montepio, com urgência, precisava muito.


— Não há dúvida, minha senhora.
Cazu, dizendo isto, pensava de si para si: "É um bom partido. Tem montepio, é viúva; o diabo são os filhos!". Dona Ermelinda, à vista da resposta dele, disse:


— Está aqui o dinheiro.


Conquanto dissesse várias vezes que não precisava daquilo — o dinheiro — o impenitente jogador de football e feliz hóspede dos tios, foi embolsando os nicolaus, por causa das dúvidas.




Fez o que tinha a fazer na estação, adquiriu as estampilhas e voltou para entregá-las à viúva.




De fato, Dona Ermelinda era viúva de um contínuo ou cousa parecida de uma repartição pública. Viúva e com pouco mais de trinta anos, nada se falava da sua reputação.


Tinha uma filha e um filho que educava com grande desvelo e muito sacrifício.




Era proprietária do pequeno chalet onde morava, em cujo quintal havia laranjeiras e algumas outras árvores frutíferas.




Fora o seu falecido marido que o adquirira com o produto de uma "sorte" na loteria; e, se ela, com a morte do esposo, o salvara das garras de escrivães, escreventes, meirinhos, solicitadores e advogados "mambembes", devia-o à precaução do marido que comprara a casa, em nome dela.




Assim mesmo, tinha sido preciso a intervenção do seu compadre, o Capitão Hermenegildo, a fim de remover os obstáculos que certos “águias" começavam a pôr, para impedir que ela entrasse em plena posse do imóvel e abocanhar-lhe afinal o seu chalézito humilde.


(O texto pode visto na íntegra através do site: http://www.releituras.com/)


segunda-feira, 20 de junho de 2011

Música Chopis Centis (Mamonas Assassinas)

A música Chopis Centis, da popular banda brasileira Mamonas Assassinas, também mostra de forma divertida a variação linguística.

Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=JwpIHP_Py_E

Eu 'di' um beijo nela
E chamei pra passear
A gente 'fomos' no shopping,
Pra 'mó de' a gente lanchar
Comi uns bichos estranhos,
Com um tal de gergelim
Até que tava gostoso,
Mas eu prefiro aipim


'Quantia' gente,
'Quantia' alegria,
A minha felicidade
É um crediário
Nas Casas Bahia (2x)


Esse tal "Chópis Cêntis"
É muicho legalzinho,
Pra levar as namoradas
E dar uns rolêzinhos


Quando eu estou no trabalho,
Não vejo a hora de descer dos andaime
Pra pegar um cinema, do Schwarzenegger
"Tombém" o Van Daime.


'Quantia' gente,
'Quantia' alegria,
A minha felicidade
É um crediário
Nas Casas Bahia (2x)

Música - Cuitelinho (Paulo Vanzolini e Antônio Xandó)

A música Cuitelinho retrata, explicitamente, aspectos da variação linguística do português. Observe a letra abaixo:

Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=E3Uaqd4CCR8

Cheguei na beira do porto
Onde as onda se espaia
As garça dá meia volta
E senta na beira da praia
E o cuitelinho não gosta
Que o botão de rosa caia,ai,ai

Ai quando eu vim da minha terra
Despedi da parentália
Eu entrei no Mato Grosso
Dei em terras paraguaias
Lá tinha revolução
Enfrentei fortes batáia,ai, ai

A tua saudade corta
Como aço de naváia
O coração fica aflito
Bate uma, a outra faia
E os óio se enche d´água
Que até a vista se atrapáia, ai...

sábado, 18 de junho de 2011

Texto : Linguagem e Comunicação - Filme O Terminal

O filme "O Terminal", que tem como protagonista Tom Hanks (atuando como Vicktor), trata sobre um estrangeiro que desembarca nos Estados Unidos quando seu país de origem, "Krakozhia", sofre um golpe de estado e seu passaporte fica inválido.




Sua primeira tentativa de comunicação foi com o diretor do aeroporto Sr. Frank Dixon. Vicktor, por não dominar o código linguístico do lugar, limitava-se a pronunciar frases prontas, decoradas e anotadas em um guia de viagens, não havendo, assim, êxito no diálogo.


Posteriormente, foram dados a Vicktor objetos voltados para a comunicação como um bip, vales refeição e um cartão telefônico, porém não foram utilizados de imediato porque este não sabia do que se tratava. Enquanto não se encontrava a solução para o problema de Vickor, ele permaneceu morando no aeroporto por meses, sempre na tentativa de aceitarem a sua entrada no EUA.



Percebeu o quanto estava isolado do mundo ao ouvir o hino da Krakozhia e ver o seu país em destruição total e queria saber o que estava acontecendo, mas a legenda apontada no jornal não permitia que entendesse do que se tratava, porque estava escrito numa língua que não dominava.

Incomodado com a situação, compra dois livros iguais em línguas diferentes e começa a se familiarizar com o código linguístico local. O aeroporto por sua vez é muito bem sinalizado, mas mesmo assim Vicktor se atrapalha com algumas placas, entra no banheiro feminino ao invés do masculino. Numa das tentativas frustradas de adentrar nos EUA, mas desta vez induzido, ele ouve o som e visualiza uma câmera de filmagem se movimentar cada vez que ele também se movimentava, o que o faz desistir de sair do aeroporto.

A linguagem mais comum no filme é a não verbal. Com a presença de gestos, cores, desenhos, mímicas, sinais luminosos e sonoros, assim como os formulários (cada um de uma cor conforme a solicitação desejada), selos de autorização, faixas no chão para a orientação da fila.

O maior momento do filme aconteceu quando Vicktor foi ser intérprete de um passageiro retido no aeroporto por portar remédios sem nota fiscal, alegando que seria para o bode, quando na verdade se tratava de remédios para o pai que não estava bem. Ao intermediar o conflito, pois só ele dominava o código, saiu-se muito bem, obtendo sucesso na tradução e na administração do problema.

Observa-se que o filme "O Terminal" é ríquissimo em detalhes e situações de comunicação, pois em todos os momentos, aborda-se a linguagem de uma forma diferente e criativa. Por fim, Vicktor Narvorski sai do aeroporto, adentra nos Estados Unidos, encaminha-se ao restaurante onde vê um cartaz do músico de jazz e ouve uma bela melodia. Feliz, finalmente, realiza o sonho de seu pai.


Os juízes

Os juízes, doutores vindos da cidade grande, faziam questão de demonstrar que não eram do lugar, que estavam ali apenas de passagem., à espera de promoção. Eram posudos, ganjentos, diziam frases latinas em seus discursos, “fero fers tuli latum ferre”, quem com ferro fere com ferro será ferido; o latim estava errado, mas, como ninguém sabia, não fazia diferença. Os homens do lugar ficavam murchos diante do juiz, gaguejavam e chegavam mesmo a perder a fala.




Açougues eram lugares de horrores. Minha mulher, grávida pela primeira vez, desmaiou ao entrar num deles. As moscas, as carcaças de porcos e vacas penduradas em ganchos, o sangue pingando, os fígados sobre o balcão – um espetáculo surrealista. Juízo semelhante sobre açougue emitiu Adélia Prado. “ O açougueiro e sua faca me expulsam, por que eu não tenho santidade, eu não sou digna de pôr os pés no lugar mais deprimente do mundo. Quando eu quero ficar humilde eu visito açougues, entro de um em um..( Adélia Prado, solte os cachorros p.9). De fato açougue é lugar de penitência. Se ainda se encontram açougues assim por este Brasil, imaginem como eram antigamente. Para escapar do incômodo havia uma alternativa: comprar carne do vendedor ambulante, quase sempre um negro, pés descalços, calça arregaçada, equilibrando tabuleiro de madeira na cabeça cheios de pedaços de carne, cobertos com folhas de bananeira, seguido por uma nuvem de moscas e cachorros, o que era normal. Empregado do açougueiro, ele apregoava a sua mercadoria: “ lombo de porco! Costela! Toicinho! Pernil! Fígado! Bucho!”. As donas de casa saíam à rua, ele tirava o tabuleiro da cabeça e elas escolhiam. Mas havia aqueles que preferiam ir aos açougues, minúsculos cômodos sem janelas com uma porta de grades à frente, sempre cheios de moscas.




Aconteceu que um juiz novo chegou à cidade cheio de boas intenções e se dispôs a se misturar com o povo. Saiu a caminhar tirando respeitosamente o chapéu para todos que se encontrava. Foi indo assim até chegar ao açougue Nossa Senhora de Misericórdia, propriedade do Tibúrcio, que acabara de matar um porco. A gritaria do porco ouvida na cidade inteira, dispensava propaganda. Gritaria de porco- carne de porco no açougue do Tibúrcio. E lá estavam as duas metades, pendentes do teto, penduradas em ganchos. O juiz, para puxar conversa, afirmou com a autoridade de sua voz: “ Então o senhor abate suínos!”. Tibúrcio perdeu a fala. Ficou gelado. Não sabia o que era infração da lei. O jeito era negar o crime. Gaguejou. Não senhor, não senhor...Eu só mato porco.




Um outro caso de desencontro entre os homens do lugar e os juízes efêmeros se deu quando um roceiro que viera à cidade para comprar querosene, sal, rapadura e fumo de rolo se sentiu premido por uma urgência fisiológica inadiável. Sem alternativas, fez o que normalmente fazia na roça. Valendo-se de um muro de adobes caído entrou num terreno baldio onde o mato crescera, abaixou as calças, agachou-se e pôs a obrar. Vinha por aquela mesma rua um juiz com chapéu panamá e guarda-chuva enrolado que fazia as vezes de bengala, costume generalizado naquela época, que, vendo o homem fazendo o que fazia, horrorizou-se com a falta de respeito, posto que era provável que por ali viessem a passar excelentíssimas senhoras. “ O senhor não sabe que é contra a lei defecar em público?”, esbravejou o juiz. Sem saber o que era “ defecar”, o roceiro entendeu a mensagem, e sem sair da sua posição deu uma lição de Filosofia de Direito ao juiz presunçoso: “ Seu dotô, há necessidades que são mais fortes do que a lei...”.

Extraído de “ O velho que acordou menino” de Rubem Alves

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O que é variação linguística?

Para que possamos compreender o que é a variação linguística, torna-se indispensável a leitura do livro de Marco Bagno “Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística”, que traz ao leitor as bases teóricas que fundamentam os estudos sociolinguísticos, de forma bem simples e de fácil entendimento. O autor problematiza várias questões, fazendo reflexões importantes para o leitor que se interessa pelo tema da variação linguística, principalmente, para os professores que lidam todos os dias com a realidade da sala de aula.



O livro traz o contexto histórico relacionado às origens da Gramática Tradicional e ao nascimento do preconceito linguístico, explicando as diversas contradições que ocorrem entre as variações apresentadas pelo português e a gramática normatizada.



O aspecto mais forte do livro é seu caráter didático, sua preocupação com a sala de aula e com a diversidade que a compõe, servindo de suporte ou base para os professores que pretendem incorporar em suas práticas educativas um ensino emancipatório, que ofereça ao sujeito a liberdade de escolha e mostre para eles o caminho da cidadania.

Após a leitura, levantamos algumas questões que são problematizadas no livro e que servem de ponto de referência para a elaboração de um pensamento crítico com respeito à variação linguística:

• As pessoas que falam português falam da mesma forma em todos os lugares?
• Podem existir várias formas de se falar o mesmo idioma?
• Será que existe apenas uma única forma certa de falar?
• A escrita é um espelho da fala?
• Será que a língua é algo finalizado e completo?
• Será que um livro de Gramática Tradicional contém toda a verdade a respeito da língua?
• Se os seres humanos são heterogêneos, instáveis, sempre em processo de transformação e mudança, então por que as línguas deveriam ser estáveis e homogêneas? (Bagno, 2007,p37)

As discussões em torno da variação linguística são muito interessantes e podem explicar muito sobre a natureza das línguas, seu funcionamento e sobre os processos de mudança linguística (Bagno,2007). Como se sabe, o português apresenta grande variação nas diversas regiões do Brasil, sendo que essa abordagem pode contribuir muito para o entendimento dos significados produzidos pela diversidade sociocultural do povo brasileiro.



Podemos dizer que, sem sombras de dúvidas, a sociedade brasileira é uma das mais diversas do planeta, sendo composta por diferentes etnias, classes sociais, orientação sexual, graus de escolaridade, idades, culturas, opiniões políticas, religiões, entre outros. Será que todos esses diversos que compõem a sociedade brasileira falam o português do mesmo jeito? Certamente não.




A sóciolinguística busca, através de estudos científicos, relacionar a heterogeneidade linguística com a heterogeneidade social. Se a língua é a forma de interação entre as pessoas, então língua e sociedade estão entrelaçadas, influenciando-se mutuamente, uma constituindo a outra.



Muitos estudiosos, dentre eles Sociológos, Antropológos e Psicológos Sociais já estão convencidos de que não é possível estudar “a sociedade sem levar em conta as relações que os indivíduos e os grupos estabelecem entre si por meio da linguagem”. (p.39) (http://www.scielo.br/pdf/rdpsi/v18n1/a08v18n1.pdf )



Bagno explica que a Norma-padrão é o modelo de língua considerada “certa” e a fala correta é considerada como um produto homogêneo, como se fosse um tesouro nacional , intocável, que deve ser protegida e preservada da ruína e da destruição (p.35).



Os linguistas consideram que “normatização da língua não é um processo 'natural', mas sim o resultado de ações humanas conscientes, ditadas por necessidades políticas e culturais, e nas quais impera frequentemente uma ideologia obscurantista, dogmática e autoritária”. ( p.37)



Nesse sentido, podemos pensar na relação entre Variação linguística x Norma-padrão como:



• Variação: “língua em seu estado permanente de transformação, de fluidez, de instabilidade”(Bagno, 2007, p.38).
• Norma-padrão: “Modelo artificial de língua criado justamente para sustentar' neutralizar' os efeitos da variação, para servir de padrão para os comportamentos adequados, corretos e convenientes” (Bagno, 2007, p.38).



Bagno analisa a língua como um produto sociocultural, uma invenção humana e como tal está sujeita as mudanças sócio históricas e culturais, que ocorrem em todas as sociedades. Sendo pois, heterogênea, múltipla, variável, instável, sempre em processos de desconstrução e reconstrução, permitindo que os falantes se interajam (fala e escrita). Dessa forma, a língua é considerada como uma atividade social.



Durante muito tempo, estudiosos lutaram para manter a língua pura. Hoje sabemos, por meios de estudos, que “a variação é essencial à própria natureza da linguagem humana, e sendo assim, dado o tipo de atividade que é a comunicação lingüística, seria a ausência de variação no sistema o que necessitaria ser explicado” (MONTEIRO, 2000, p.57 In Niéri & Tavares). Em outras palavras, podemos afirmar que se a língua é “viva”, é impossível evitar que, para se adaptar à sociedade e cumprir os objetivos da comunicação, ela varie e mude com o passar do tempo. É possível afirmar também que, ainda que os falantes estejam em constante interação, jamais utilizarão a língua da mesma maneira.( Niéri & Tavares,___,p.5 ).



É importante ressaltar que os estudos de Bagno estão de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino da língua portuguesa, que enfatizam a importância do contexto social do aluno, a cultura e também as transformações da língua dentro desse contexto. Entretanto, não defende a eliminação da gramática e sim que os educadores tornem-se cientes de que existem outras possibilidades e que o preconceito linguístico em nada contribui para a formação humana dos alunos.



Não somos contra o ensino da gramática tradicional, apenas percebemos que nossa língua vai bem além de normas e regras gramaticais. Percebemos que ela é fascinante, cheia de segredos,carregada de cultura, que não tem preconceito de cor, de raça, de religião. Ela é flexível, se adequa aos diversos atores que a utilizam para comunicação e interação, permite que a vida prossiga e que nossos desejos e sonhos não se desfaçam na imaginação.

Referências bibliográficas:



BAGNO, Marcos. Nada na Língua é po acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.

NIÉRI, Juliana Sanches e TAVARES, Marilze. Reflexões sobre variação lingüística e ensino

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Erro ou preconceito linguístico?

"Preconceito linguístico o que é, como se faz", do autor Marcos Bagno, é um livro que discute os mitos e preconceitos criados em torno da língua portuguesa. No primeiro capitulo, o autor apresenta os mitos tais como: a idéia de unidade da língua portuguesa, só em Portugal fala-se um português puro, as pessoas sem instrução não sabem falar o português e outros mitos são desvendados. Segundo Bagno, “erro de português” não existe, e o preconceito na verdade, é social, disfarçado em preconceito linguístico. Ele aponta oito fatores que compõem o preconceito linguístico. São eles:

• Mito nº 1 – “A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente”.
• Mito nº 2 – “Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português”.
• Mito nº 3 – “Português é muito difícil”.
• Mito nº 4 – “As pessoas sem instrução falam tudo errado”.
• Mito nº 5 – “O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão”.
• Mito nº 6 – “O certo é falar assim porque se escreve assim”.
• Mito nº 7 – “É preciso saber gramática para falar e escrever bem”.
• Mito nº 8 – “O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social”.


A partir do segundo capitulo, Bagno discute os elementos que servem para sustentar o preconceito linguístico e muitas outras questões que envolvem o saber linguístico. Este livro apresenta um assunto que é pouco discutido em sala de aula e muitas vezes ignorado pela maioria dos professores. Atualmente a luta contra o preconceito vem sendo a bandeira de muita gente, mas o preconceito linguístico não tem tido visibilidade. Marcos Bagno, ao tratar deste assunto, utiliza uma linguagem não muito técnica o que torna o livro prazeroso de se ler.


Este assunto tem tido grande repercussão nas manchetes de jornais, revistas e em outros meios de comunicação; por causa do livro do MEC. O autor discute sobre o assunto ressaltando a importância de considerar a linguagem do falante do português, mas sem que este deixe de aprender o português culto. Marcos Bagno defende que o aluno compreenda que a língua portuguesa tem variações: entre a língua escrita e a falada e também variações regionais.

Referência bibliográfica:

Bagno, Marcos. Preconceito lingüístico o que é, como se faz, editora Loyola, São Paulo, 1990.

Conhecimento Linguístico aplicado às séries iniciais

O módulo: “Conhecimento Lingüístico e apropriação do sistema de escrita”, do autor Marco Antônio de Oliveira, faz parte da coleção alfabetização e letramento do Ceale (Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita- Faculdade de Educação), publicada no ano de 2005 e conta com 70 páginas. O autor vai abordar as hipóteses do aluno na construção da escrita, as relações entre os sons e as letras na escrita ortográfica e classifica os problemas de escrita encontrados nos textos dos alunos. Esta coleção é organizada em cinco eixos:






1. Como é que as crianças aprendem a escrever?
2. Sistemas de Escrita
3. Os sons do português
4. As relações entre a pauta sonora e a ortografia
5. Uma classificação dos problemas de escrita

No primeiro eixo, o autor levanta três teorias para explicar como as crianças aprendem a escrever. No segundo eixo, ele fala da natureza e da história dos sistemas de escrita. Já no terceiro eixo, o autor apresenta as considerações entre os sons da fala e reflete sobre os conceitos de fala e língua.
O autor vai relatar como ocorrem as relações entre a escrita ortográfica e a pauta sonora da língua portuguesa, no qaurto eixo. Marco Antonio apresenta, no último eixo, uma classificação dos problemas de escrita encontrados em textos de alunos.



O autor propõe que esta discussão, nas séries iniciais, é importante, pois, permite ao professor uma melhor intervenção pedagógica e contribui para entendermos como as crianças (ou, como diz, o autor qualquer aprendiz) elaboram suas hipóteses em relação à fala e a escrita. Nesta coleção fica claro como a noção do “erro” não é considerada, pois, o erro aqui é entendido como parte do processo de aprendizagem do aluno. Esse processo de aprendizagem foi identificado na nossa experiência, como estagiárias, em que percebemos que, quando crianças adquirem uma idade mais avançada, os erros aparecem com mais frequência na escrita. É natural que este fato ocorra, pois, na medida em que o vocabulário aumenta, aumentam também as chances do erro.



Para que a criança possa escrever de uma forma mais autônoma, torna-se necessário que ela arrisque a escrever, mesmo desconhecendo a ortografia correta das palavras, por isso é natural que ela erre mais. Este processo fará com que ela experimente e aprenda. Ao passo que para evitar o erro, a criança se condiciona a um vocabulário muito restrito o que acabará comprometendo a sua criatividade. Trabalhos de produção orientada são muito importantes para desenvolver as correções ortográficas, pois a pretensão dos educadores e dos pais é a de formar indivíduos que tenham competência na escrita correta, mas este trabalho deverá ser feito de uma maneira bem lúdica, para não atrapalhar o processo desta aprendizagem.

Para saber mais:
http://www.ich.pucminas.br/posletras/Producao%20docente/Marco%20Antonio/Ortografia%20e%20Fonologia_2005.pdf

sábado, 11 de junho de 2011

Vídeo - Polêmica do livro do MEC

Livro distribuído pelo MEC defende errar concordância

14/05/2011 12h10 - Correio do Estado:

Um livro didático para jovens e adultos distribuído pelo MEC a 4.236 escolas do país reacendeu a discussão sobre como registrar as diferenças entre o discurso oral e o escrito sem resvalar em preconceito, mas ensinando a norma culta da língua. Um capítulo do livro "Por uma Vida Melhor", da ONG Ação Educativa, uma das mais respeitadas na área, diz que, na variedade linguística popular, pode-se dizer "Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado". Em sua página 15, o texto afirma, conforme revelou o site IG: "Você pode estar se perguntando: 'Mas eu posso falar os livro?'. Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico". Segundo o MEC, o livro está em acordo com os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) --normas a serem seguidas por todas as escolas e livros didáticos. "A escola precisa livrar-se de alguns mitos: o de que existe uma única forma 'certa' de falar, a que parece com a escrita; e o de que a escrita é o espelho da fala", afirma o texto dos PCNs. "Essas duas crenças produziram uma prática de mutilação cultural que, além de desvalorizar a forma de falar do aluno, denota desconhecimento de que a escrita de uma língua não corresponde inteiramente a nenhum de seus dialetos", continua. Heloísa Ramos, uma das autoras do livro, disse que a citação polêmica está num capítulo que descreve as diferenças entre escrever e falar, mas que a coleção não ignora que "cabe à escola ensinar as convenções ortográficas e as características da variedade linguística de prestígio". O linguista Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, critica os PCNs. "Há uma confusão entre o que se espera da pesquisa de um cientista e a tarefa de um professor. Se o professor diz que o aluno pode continuar falando 'nós vai' porque isso não está errado, então esse é o pior tipo de pedagogia, a da mesmice cultural", diz. "Se um indivíduo vai para a escola, é porque busca ascensão social. E isso demanda da escola que lhe ensine novas formas de pensar, agir e falar", continua Bechara. Pasquale Cipro Neto, colunista da Folha, alerta para o risco de exageros. "Uma coisa é manifestar preconceito contra quem quer que seja por causa da expressão que ela usa. Mas isso não quer dizer que qualquer variedade da língua é adequada a qualquer situação."

quarta-feira, 8 de junho de 2011

É POSSIVEL SEPARAR A LÍNGUA EM CERTO E ERRADO?



O artigo de Ataliba T. de Castilho “Saber uma língua é separar o certo do errado?” faz parte das publicações do site do Museu da Língua Portuguesa. O autor apresenta uma reflexão sobre a história de certo ou errado e constitui sua argumentação com base no nível sociocultural do falante, o grau de intimidade com o interlocutor, na variação etária, na variação sexual e entre outros aspectos. O autor divide este tema em seis subtítulos:


1. Como é essa história de falar certo e de falar errado?
2. O que vem a ser Português culto?
3. O português certo e o português errado seriam duas línguas diferentes?
4. Dizem que o Português é uma língua muito difícil. É verdade?
5. Onde se fala o “melhor português”?
6. Então, o que faremos com as regras do certo e do errado?



A partir destas questões que são levantadas no artigo, Ataliba T. de Castilho discute como ocorreu essa divisão da língua entre o “certo” e “errado”, ressalta a ideia da língua como fenômeno heterogêneo, como usar o português culto e outros assuntos relacionados à língua portuguesa. No final do artigo o autor propõe novas questões para serem discutidas que são bem atuais, já que nas últimas semanas um livro avaliado pelo MEC foi alvo de críticas por tratar exatamente das variantes da língua portuguesa.



Referência bibliográfica:

Castilho, Ataliba T. de. Saber uma língua é separar o certo do errado? Hospedado no site: www.museudalinguaportuguesa.org.br,2009.
(acesse o texto: http://www.museudalinguaportuguesa.org.br/colunas_interna.php?id_coluna=16).

sábado, 21 de maio de 2011

Noção de "erro"

Quem nunca foi corrigido por pronunciar uma palavra “errada”? Ou quem já falou “Tumati” ao invés de Tomate? Por que o “erro” é visto na sociedade como algo pejorativo? Qual é o papel dos educadores na representação do “erro”? Pensando nestas questões o artigo de Josilene Pereira vai discutir as representações do “erro” no contexto escolar numa classe de Alfabetização de Jovens e Adultos. A autora utiliza as noções de alfabetização e letramento para descrever como a linguagem escrita e a linguagem oral são processos complementares, e compreender essas definições torna- se importante para entender as relações da linguagem escrita com a linguagem oral. A pesquisa ressalta como a língua padrão tem sido privilegiada em detrimento da linguagem oral e qual é a relação da língua com a vida em sociedade.

A pesquisadora utiliza os saberes do campo da linguística, as relações de ensino-aprendizagem e de entrevistas para explicar como professores e alunos lidam com “a noção de erro.” A partir dessas entrevistas e das fundamentações teóricas a autora percebe que o “erro” nada mais é do que variações linguísticas e não erros linguísticos. Muitas vezes, a escrita tida como errada e certa, na verdade é fruto de uma convenção socialmente estabelecida. Nos relatos da pesquisa fica claro como a norma ortográfica e as formas de linguagens, utilizadas pelos alunos da EJA, geram conflitos interculturais. Para exemplificar como esses conflitos são gerados, retiramos o relato descrito abaixo:
Excerto 3
M: Gente... tô morrendo de dor de cabeça...
J: Faz um chá de vacidera e nanuscada e toma...
M: Anota aí pra mim... J....
J: Professora... escreve aí vacidera e nanuscada que é pra ela aqui copiar... ((a professora foi
até o quadro e escreveu ERVA-CIDREIRA e NOZMOSCADA))
J: ((o aluno olhava para o quadro fixamente, seus olhos ficaram arregalados, denotando
surpresa diante das formas lingüísticas apresentadas pela professora))NÃO... professora é
pá escrever vacidera e nanuscada...
A: Pois é J... Olha aqui ((soletrando)) ER-VA-CI-DREI-RA e NOZ-MOS-CA-DA...
J: NÃO... mas num escreve assim não... eu falei errado?
P: De maneira nenhuma... J... essa maneira que você falou é a maneira que nós falamos... é
a nossa linguagem... é a nossa cultura... é o que você aprendeu... a gente fala de um jeito...
mas a escrita tem que ser de outro...
J: OBA... valeu... agora aprendi duas palavra nova... (PEREIRA, 2008, p.157)

Na pesquisa outros aspectos aparecem, tais como os estigmas sociais e a valorização de se “escrever certo”, ou melhor, “escrever como a professora”. Podemos concluir que a pesquisa mostra como as relações da escrita e da fala parecem aos alunos como um processo separado, na hora de falar se usa uma linguagem e na hora de escrever utiliza-se outra linguagem. A autora afirma que para ensinar a norma culta não necessariamente devemos negar as diferenças linguísticas dos sujeitos, o professor (a) deve articular a norma culta com as variações linguísticas dos sujeitos para não criar um distanciamento entre o mundo letrado e a linguagem aprendida nas praticas sociais. Josilene Pereira apresenta uma nova definição, onde “a alfabetização e letramento se interagem e se complementam (cf. SOARES, 2001)” e também apresenta duas concepções distintas no estudo de letramento: o modelo autônomo e o modelo ideológico de letramento (para saber mais: www.scielo.br/pdf/tla/v47n1/v4701a08.pdf).

Referência Bibliográfica:

Pereira, J. D. S.. As representações do “erro” na aprendizagem da escrita numa classe de alfabetização de jovens e adultos Trab. Ling. Aplic., Campinas, 47(1): 151-168, Jan./Jun. 2008.

Linguagem, linguística e conhecimentos linguísticos

Historicamente, a linguagem humana tem sido concebida de diferentes maneiras e discutida em diversas abordagens e estudos científicos, podendo ser considerada como uma ferramenta de representação do mundo e dos pensamentos ou como uma forma de comunicação, interação ou ação (Koch,2000).



O uso da linguagem como representação (para saber mais: http://www.dcc.unicamp.br/~cpg/material-didatico/mo622/200101/Moises/seminario-0.html) é a mais antigas das teorias, embora ainda hoje tenha defensores. Nessa abordagem, considera-se que a função da língua é representar, refletir o pensamento e o conhecimento de mundo (Koch,2000). Foucalt diz que “a existência da linguagem é soberana, pois as palavras receberam a tarefa e o poder de representar o pensamento” (Foucalt, 1999, p.107, IN Mendonça, 2000).



Os autores que consideram a linguagem como instrumento de comunicação fazem a análise da língua como um código (para saber mais: http://www.ich.pucminas.br/posletras/Producao%20docente/Marco%20Antonio/Ortografia%20e%20Fonologia_2005.pdf), permitindo a comunicação entre emissor e receptor, ou seja, a linguagem serve para transmitir informações (Koch, 2000).



Atualmente, a linguagem concebida como forma de ação e de interação entre os sujeitos (para saber mais: http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/volumes/37/EL_V37N2_07.pdf) tem sido a mais usada como orientação dos estudos sobre essa temática. Essa interação possibilita diversas práticas sociais e os mais diversos tipos de atos, induzindo o estabelecimento de vínculos e da interlocução, promovendo o estabelecimento de regras sociais e de convivência entre as diferentes pessoas.



A concepção que norteará o desenvolvimento deste trabalho baseia-se na visão de linguagem como atividade sócio-interativa, como forma de ação, como lugar de interação entre sujeitos, dentro de um determinado contexto social de comunicação e para um determinado fim. A linguagem é, portanto, entendida aqui como um espaço de interação e é nesse espaço e através dele que no situamos no mundo, buscamos compreendê-lo e nos constituímos como sujeitos, construindo imagens e representações sobre os outros sujeitos com os quais nos relacionamos (Costa Val & Viera, 2005, p.24).



A partir desse conceito de linguagem, indaga-se: Como se dá o processo de interação entre os sujeitos através da linguagem? Como a língua é entendida no âmbito da diversidade? Existe certo e errado para a linguística moderna?


Em primeiro lugar, é importante entender algumas definições de língua e linguística. Para Bagno (2006), a língua é um sistema de sons e significados que se organizam sintaticamente para permitir a interação humana e qualquer manifestação linguística cumpre essa função (…). A Linguística concebe a língua como uma realidade intrinsicamente heterogênea, variável, mutante, em estreito vínculo com a realidade social e com os usos que dela fazem seus falantes (Bagno, 2006, p. 1 e 2).



Já os PCNs que tratam do ensino da Lingua Portuguesa, definem que “a língua é um sistema se signos específico, histórico e social, que possibilita a homens e mulheres significar o mundo e a sociedade”.


Ainda de acordo com Bagno (2006), a linguística é o estudo da língua “em si mesma”, em seus aspectos fonológicos, morfológicos e sintáticos. O campo da linguística que se interessa entender e explicar as relações sociais intermediadas pela linguagem é a Sociolinguística, uma vez que “a linguística demonstra que todas as formas de expressão verbal têm organização gramatical, seguem regras e têm uma lógica linguística perfeitamente demonstrável. Ou seja: "nada na língua é por acaso” - a sociolingüística visa demonstrar os aspectos estruturais das mudanças e variações encontradas na língua (Bagno, 2007, p.11).



Embasa-se nas teorias de Ferdinand de Saussure, linguista suíço, tido como pai da linguística moderna, que ao distinguir os conceitos da língua e da fala, estabeleceu-se uma nova abordagem para os estudos da linguagem. De acordo com Saussure, a língua (langue), “é o conjunto dos hábitos lingüísticos que permitem a uma pessoa compreender e fazer-se compreender” (Saussure, 1969, p.92, IN Niéri & Tavares,___, p.3).



Em relação à questão social, afirma-se que “a língua é a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo, que, por si só não pode nem criá-la nem modificá-la; ela não existe senão em virtude duma espécie de contrato estabelecido entre os membros da comunidade” (CLG, p.22, IN Niéri & Tavares,___,p.3 ).



A Sociolinguística tem como foco principal os falantes (indivíduos) da língua, os seres humanos que se interagem e se comunicam através da língua, sendo participantes e construtores da sociedade dividida em classes, permeada por conflitos socioculturais, que portam e recriam culturas que se modificam ao longo do tempo.



Contudo o papel desempenhado pela sociolinguística é o da educação linguística, ao atuar no reconhecimento da heterogeneidade intrínseca da sociedade (Bagno,2007), ou seja, considera que a língua só existe porque há uma sociedade que a utiliza. No entanto a fala (para saber mais: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-14982009000100002&script=sci_arttext) é definida como “um ato individual de vontade e inteligência” (CLG, p.2, IN Niéri & Tavares, ___, p.3 ), possibilitando dizer que a “língua é a parte essencial da linguagem, e a fala é a maneira individual da nossa comunicação” .



Foi Saussure quem definiu a linguagem como uma instituição social, mas, apesar disso, não considerou os aspectos sociais em seus estudos. Ele priorizou o estudo da langue, considerando que a língua é social por pertencer à sociedade, mas não enfoca a interferência de fatores externos no fenômeno linguístico, que se manifestam principalmente na fala ( Niéri & Tavares,___,p.3 ).


Entretanto, para o entendimento do funcionamento da língua, das suas variações e mudanças, bem como da relação entre fala e escrita, da linguagem oral, escrita e representada são necessários os Conhecimentos Linguísticos, que são conhecimentos prévios que permitem a compreensão da leitura, da fala e da escrita, envolvendo tanto os conceitos e regras da gramática tradicional quanto as variações e mudanças estudadas pela linguística moderna.



Ao se falar sobre a língua, há dois discursos que se contrapõem: o discurso científico, embasado nas teorias da Linguística Moderna e o discurso do senso comum, que é permeado por preconceitos sociais e concepções ultrapassadas, que opera com a noção do erro (Bagno, 2006,p.1). Durante muito tempo, estudiosos lutaram para manter a língua pura. Hoje sabemos, por meios de estudos, que “a variação é essencial à própria natureza da linguagem humana, e sendo assim, dado o tipo de atividade que é a comunicação lingüística, seria a ausência de variação no sistema o que necessitaria ser explicado” (MONTEIRO, 2000, p.57, In Niéri & Tavares). Em outras palavras, podemos afirmar que se a língua é “viva”, sendo impossível evitar que ela varie e mude com o passar do tempo. É possível afirmar também que, ainda que os falantes estejam em constante interação, jamais utilizarão a língua da mesma maneira. (Niéri & Tavares,___,p.5).

Referências Bibliográficas:

BAGNO, Marcos. Nada na Língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.

________. Ciência e senso comum na educação materna. Revista Presença Pedagógica. Setembro de 2006. http://marcosbagno.com.br/site/?page_id=37. Acessado em 10/05/2011.

COSTA VAL, Maria da Graça e VIEIRA, Martha Lourenço. Produção de textos escritos: Construção de espaços de interlocução. Belo Horizonte; Ceale/FaE/UFMG,2005. Coleção Alfabetização e Letramento.

KOCH, Ingedore Villaça. A Interação pela linguagem. São Paulo, SP: Contexto,2000 – Coleção Repensando a Língua Portuguesa.

MENDONÇA, Ercilia Severina. Ci. Inf., Brasília, v. 29, n. 3, p. 50-70, set./dez. 2000.

NIÉRI, Juliana Sanches e TAVARES, Marilze. Reflexões sobre variação lingüística e ensino. http://www.unigran.br/revistas/interletras/ed_anteriores/n8/artigos/artigo03.pdf. Acesso: 1 de abril de 2011.

SEF/MEC( 1998). Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental: Língua Portuguesa. Brasília: SEF/MEC.

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